Lei Mães Cientistas: Avanços para pais e mães pesquisadores

A Lei Mãe Cientista, ou Lei nº 14.925/2024, permite a prorrogação de prazos acadêmicos para pesquisadoras e pesquisadores que se tornam mães e pais. Sancionada em 2024, a lei estende os prazos para defesa de dissertação de mestrado e tese de doutorado no Brasil em 180 dias em casos de maternidade ou adoção, além de […]

A imagem mostra uma mulher de cabelos trançados e blusa de botões azul a esquerda. A direita está uma crianda de cabelo curto e blusa de botões quadriculada de azul e branco. Os dois estão sentados em um sofá. A mulher passa a mão por cima do ombro da criança. Eles olham para um livro.

A Lei Mãe Cientista, ou Lei nº 14.925/2024, permite a prorrogação de prazos acadêmicos para pesquisadoras e pesquisadores que se tornam mães e pais. Sancionada em 2024, a lei estende os prazos para defesa de dissertação de mestrado e tese de doutorado no Brasil em 180 dias em casos de maternidade ou adoção, além de prorrogar prazos para conclusão de disciplinas e entrega de trabalhos finais.

Se você é um pesquisador ou estudante de pós-graduação que se tornou pai ou mãe, esta lei oferece suporte legal e prorrogação de prazos acadêmicos. Além disso, ela auxilia no equilíbrio das  responsabilidades familiares e acadêmicas, proporcionando mais tempo para que as pesquisadoras e pesquisadores possam concluir seus estudos sem comprometer sua carreira.

O caminho para a Lei Mães Cientistas

A criação da Lei Mães Cientistas começou com acadêmicas e grupos que defendem os direitos das mulheres e das parentalidades em geral, mostrando as dificuldades que mães e pais enfrentam em escolas e centros de pesquisa. Esses grupos destacaram que as regras acadêmicas não são flexíveis e não levam em conta as responsabilidades e os desafios familiares.

No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), a taxa de evasão entre mulheres em programas de pós-graduação chega a 35% quando se tornam mães. Esse dado revela a necessidade urgente de políticas que apoiem as mães acadêmicas. A aprovação da Lei é uma medida importante na luta nas instituições de ensino superior e no setor educacional.

O ANDES-Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior destaca:

“Não basta ampliar o acesso de matrículas às(aos) jovens oriundos das famílias trabalhadoras, periféricas(os) e negras(os), é necessário pensar amplamente nas políticas de acesso e permanência tanto em matéria legislativa quanto na materialização de direitos conquistados e muitas vezes, negado, pelo contingenciamento de orçamento para a assistência estudantil.”

A Lei nº 13.536, de 2017, já demonstrava um avanço  ao permitir a prorrogação de bolsas de estudo para pesquisadoras e pesquisadores em casos de maternidade e adoção. Já a Lei nº 14.925, de 2024, ampliou essa proteção, garantindo a extensão dos prazos acadêmicos e abordando novas situações, como todas as formas de parentalidade.

Lei nº 13.536/2017 Lei nº 14.925/2024
Prorrogação de bolsas em casos de maternidade e adoção Até 180 dias para bolsas com mínimo de 12 mesesTrata especificamente de maternidadeExtensão de prazos acadêmicos Inclui todas as formas de parentalidade Garantia mínima de 180 dias de extensão para doutorado e mestradoSe aplica a estudantes e pesquisadores da educação superior – sem distinção de gênero – em virtude de parto, nascimento de filho, adoção ou obtenção de guarda judicial para fins de adoção

Como a Lei beneficia bolsistas?

A prorrogação de bolsas de estudo, conforme a Lei Mães Cientistas, é fundamental para que pesquisadoras e pesquisadores não enfrentem dificuldades financeiras durante a extensão dos prazos acadêmicos. A responsabilidade por regular essas extensões cabe às agências de fomento, como Capes e CNPq, enquanto as universidades devem ajustar seus calendários para respeitar a determinação legal. 

Nos programas de doutorado e mestrado, que têm limites de 48 e 24 meses respectivamente, a lei assegura uma extensão mínima de 180 dias, garantindo que a continuidade dos estudos não seja comprometida pelas novas responsabilidades familiares. Logo, existem regulamentações que precisarão ser adaptadas, como, por exemplo, os programas Demanda Social (DS), da Capes, e Bolsas por Quota no País, do CNPq:

ProgramaPrazo máximoCondições para renovaçãoLimites improrrogáveis atuais

Demanda Social (DS) – CAPES – Portaria 76/2010
Doutorado: 48 mesesRecomendação da Comissão de Bolsas CAPES/DS
Avaliação de desempenho acadêmico
O período de concessão da bolsa não poderá ser prorrogado além dos prazos estabelecidos. A extrapolação do prazo pode reduzir o número de bolsas para novos alunos. Além disso, a Capes pode exigir a devolução dos valores recebidos indevidamente.
Mestrado: 24 meses
Bolsas por Quota no País – CNPq – RN-017/2006:a) mestrado – até 24 meses
b) doutorado – até 48 meses
c) Programa Doutorado Direto – PDD – até 60 meses
A renovação, ampliação ou redução da bolsa se dará com base em um relatório institucional anual, acrescidos de relatórios dos comitês externos, todos referidos aos processos de seleção e avaliação do Programa de Pós-graduação.Para os casos de parto ou adoção ocorrida durante o período da bolsa, a duração da bolsa será estendida por mais 4 (quatro) meses

As regulamentações acima deverão ser ajustadas para obedecer à nova lei, permitindo que pesquisadoras e pesquisadores possam contar com a prorrogação necessária sem prejuízo financeiro ou acadêmico.

Quais os outros pontos de atenção e cuidado na aplicação da Lei Mães Cientistas?

A implementação da Lei Mães Cientistas trouxe à tona questões que necessitam de uma interpretação cuidadosa para garantir sua aplicação. É essencial que a lei seja entendida e aplicada de maneira igualitária. Vejamos:

  • Critérios de elegibilidade:

As instituições de ensino superior são responsáveis por adotar critérios claros e justos para determinar a elegibilidade para prorrogação de prazos. A lei estabelece um prazo mínimo de 180 dias para prorrogação, dando às instituições a flexibilidade de definir critérios adicionais, desde que respeitem esse prazo mínimo. Isso inclui criar diretrizes que sejam acessíveis e que considerem diversas circunstâncias de responsabilidade parental.

  • Aplicação uniforme:

A uniformidade na aplicação da lei é crucial para evitar desigualdades entre cursos e departamentos. Instituições devem adotar políticas internas padronizadas e proporcionar treinamento adequado ao corpo docente e administrativo, assegurando uma aplicação equitativa da legislação.

  • Aplicação em todas as configurações familiares:

É essencial que se aplique a prorrogação de prazos de forma equitativa a todos os responsáveis legais, respeitando o princípio de igualdade de gênero e parentalidade previsto na legislação. Uniões homoafetivas devem ser igualmente contempladas, garantindo que todos os responsáveis, independentemente da configuração familiar e do gênero, tenham acesso justo aos benefícios da lei.

  • Impacto em bolsas de estudo:

Podem surgir conflitos quanto à relação entre prorrogação de prazos e bolsas de estudo – o que pode exigir a adaptação de contratos de bolsas para proteger o financiamento dos estudantes sob a nova lei. É fundamental que tais adaptações considerem também a inclusão de uniões homoafetivas, assegurando que a prorrogação de prazos e o financiamento não sejam discriminatórios.

Como um advogado pode apoiar o seu caso

O escritório Valente Reis Pessali oferece consultoria e assessoria especializada para instituições de ensino e pesquisadores que desejam entender e aplicar a Lei Mães Cientistas. Nossos serviços incluem:

  • Análise de elegibilidade: Avaliamos casos específicos para determinar o direito à prorrogação de prazos acadêmicos, garantindo que cada situação seja tratada de forma justa e conforme a legislação vigente.
  • Tomada de decisão informada: Auxiliamos na revisão de políticas internas que promovam a equidade e a inclusão no ambiente acadêmico, adaptando-as às exigências da lei.

Nossa equipe também está pronta para representar seus interesses de forma eficaz e assertiva em disputas ou questões complexas relacionadas à aplicação da Lei Mães Cientistas:

  • Defesa de direitos: Atuamos na defesa dos direitos de pesquisadores e instituições em casos de contestações judiciais ou administrativas relacionadas à prorrogação de prazos e outras disposições da lei.
  • Consultoria em litígios: Fornecemos consultoria detalhada e estratégica para resolver litígios, assegurando que as decisões judiciais estejam alinhadas com os princípios da lei.

O escritório VRP é reconhecido nacionalmente como uma referência em Direito Educacional. A partir da nossa expertise e experiência na área, oferecemos soluções de alta qualidade e alinhadas com as melhores práticas do setor. Com um histórico de sucesso em questões educacionais e uma abordagem orientada para resultados, somos a escolha certa para apoiar a aplicação e a interpretação da Lei Mães Cientistas de forma eficaz e justa. 

Se você precisar de orientação ou assistência, não hesite em entrar em contato conosco!

Gabriel Cardoso - Advogado

Gabriel Cardoso

Advogado

É pós-graduando em Direito Eleitoral e Direito Público Municipal, além de ser bacharel em Direito pela Universidade Estadual do Piauí.