A presença de Linn da Quebrada, ou simplesmente Linna, no BBB tem mostrado como parte da sociedade brasileira ainda não entende bem como lidar com a diversidade. Isso acaba provocando, mesmo que às vezes de maneira não intencional, danos a pessoas pelo não reconhecimento de suas orientações sexuais e de gênero, elementos importantes de suas identidades.
O que aconteceu no BBB?
Em várias ocasiões temos visto participantes do jogo chamando Linna pelo pronome “ele” ou se referindo a ela no masculino, uma forma de violência constrangedora que nega a diversidade e demonstra a intolerância escondida na ignorância. Durante o BBB, alguns participantes tentaram se colocar em uma posição de aprendizado, dizendo que em suas bolhas sociais essas formas de existência não eram comuns, o que justificaria a falta de traquejo no trato. Frente a isso, outros participantes se indignaram, dizendo que a pessoa teve a vida inteira para se educar para a diversidade e que não seria ali, em meio ao jogo, que isso ocorreria. Estão errados? Achamos que não.
O aprendizado deve se der no aqui e no agora
O que temos visto na televisão é um retrato “soft” da barbárie vivida pela comunidade LGBTIA+ dentro de casa, nas ruas, no trabalho e nas escolas brasileiras. Pessoas que têm suas identidades negadas têm maiores chances de adoecimento mental e, inclusive, de cometerem autoextermínio. Por esse motivo, a proatividade na busca por informação deve se dar aqui e agora, sem que seja necessário passarmos por situações nas quais perpetuaremos o cometimento de atos de violência.
Educar para a diversidade não é simples e exige atuação especializada
Orientação sexual, de gênero e sexo são elementos complexos que podem estar presentes em diferentes combinações. Isso não é tão simples de entender e até mesmo agentes públicos podem se confundir em situações nas quais tinham boas intenções, como é o caso da recente inserção da possibilidade de “não-binarie” no local hoje destinado para masculino e feminino pelo governo do Rio de Janeiro. Isso está incorreto, pois “não-binarie” é uma expressão de gênero e não de sexo.
Vamos entender melhor?
Orientação sexual se refere às preferências afetivo-sexuais, com quem a pessoa se relaciona, podendo ser:
- Homoafetiva/homossexual, que é a atração pelo mesmo sexo ou identidade de gênero. Na linguagem corrente: gays, para o sexo masculino, e lésbicas para o sexo feminino;
- Heteroafetiva/heterossexual, que a atração pelo sexo ou identidade de gênero oposto(a);
- Monodissidentes, aqui consideradas as pessoas que sentem atração por mais de um gênero, como é o caso de bissexuais e pansexuais;
- Assexual, que é quando a pessoa não sente nenhum tipo de atração por nenhum sexo ou identidade de gênero.
O sexo, como previsto na certidão de nascimento, se refere às características morfológicas e genéticas das pessoas, podendo ser: masculino, feminino ou intersexo.
A identidade de gênero, por sua vez, se refere à identificação da pessoa, à forma como ela se expressa e performa sua existência no mundo, podendo ser:
- Cisgênero: quando a pessoa se identifica com o sexo a ela designado no momento do nascimento;
- Transgênero: quando a pessoa se identifica com o sexo oposto ao designado no momento do nascimento, podendo ou não rejeitar o órgão sexual com o qual nasceu;
- Não-binarie: quando a pessoa não se identifica nem com o sexo masculino, nem com o sexo feminino, se expressando em algum lugar entre essas performatividades.
Esses conceitos ajudam a entender um pouco das múltiplas possibilidades de existência no mundo para além da binariedade masculino/feminino. Quando Linna, uma travesti (pessoa trans que não rejeita o órgão sexual masculino – termo que também tem um peso político pela marginalização sofrida por essas mulheres), beija Eliezer e Maria na festa, ela evidencia ser uma mulher trans bissexual. A diversidade é linnda!
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Caso esteja vivenciado problemas com LGBTfobia na escola ou no ambiente de trabalho, a Valente Reis Pessali Sociedade de Advogados está preparada para auxiliar no acolhimento das demandas, na mediação dos conflitos, na orientação jurídica e nos processos de educação para a diversidade! Entre em contato!