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Assédio Moral e Sexual no Trabalho: Implicações Jurídicas e Apoio às Vítimas

Um homem branco, loiro e bem vestido com um terno azul marinho com camisa de botões azul claro olhando e gritando irado enquanto olha para um celular que seguram com a mão direita.

O ambiente de trabalho, que deveria ser um espaço vital para a realização profissional, muitas vezes se torna palco de abusos psicológicos prejudiciais. Este artigo visa fornecer informações abrangentes sobre o assédio moral e sexual no trabalho, direcionando tanto funcionários quanto empresários na compreensão dos direitos, configurações e responsabilidades associadas.

O que Constitui Assédio no Trabalho?

O assédio moral consiste em uma perseguição psicológica, a qual expõe os trabalhadores a situações repetitivas e prolongadas de humilhação e constrangimento, durante o interregno da jornada laboral e no exercício de suas funções. Embora possa se caracterizar de várias formas dentro do ambiente de trabalho, até mesmo entre colegas, é mais comum em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas. Caracteriza-se por condutas abusivas, por meio de gestos, palavras, comportamentos e atitudes, que atentam contra a dignidade ou integridade psíquica ou física da pessoa humana.

Quais são os Tipos de Assédio no Ambiente de Trabalho

O assédio no ambiente de trabalho pode se manifestar de diversas formas, sendo crucial reconhecer os diferentes tipos para combatê-los efetivamente. 

  • Assédio moral: O assédio moral é caracterizado por comportamentos abusivos, humilhantes ou discriminatórios, prejudicando a saúde psicológica do trabalhador de forma repetitiva e prolongada. Isso pode incluir desde intimidações até ridicularizações, criando um ambiente hostil.
  • Assédio sexual: O assédio sexual constitui conduta grave, inclusive tipificada no Código Penal (art. 216-A do Código Penal), que requer a intenção de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. No ambiente trabalhista, o assédio sexual não se limita ao Código Penal, envolve avanços indesejados, insinuações ou comentários ofensivos de natureza sexual, criando um ambiente hostil.

Reconhecer e abordar esses diferentes tipos de assédio é crucial para a criação de políticas internas eficazes e para promover um ambiente de trabalho inclusivo e livre de comportamentos prejudiciais.

Exemplos de Assédio Moral no Trabalho

O assédio moral no ambiente de trabalho pode assumir diversas formas insidiosas, impactando negativamente a saúde mental e o bem-estar dos funcionários. Exemplos incluem humilhação, isolamento social, sobrecarga de trabalho intencional, discriminação, atitudes racistas e discriminatórias, manifestações de homofobia, ameaças, monitoramento excessivo, disseminação de boatos e desvalorização do trabalho. 

É verdade que o assédio moral nem sempre se manifesta de maneira evidente, pois não se resume apenas a agressões verbais ou ameaças, embora esses elementos possam ser relevantes em determinados momentos.

Esses comportamentos, muitas vezes sutis, podem criar um ambiente tóxico, prejudicando não apenas a vítima diretamente afetada, mas também comprometendo o clima organizacional e a eficiência da equipe.

Exemplos de Assédio Sexual no Trabalho

O assédio sexual no trabalho pode manifestar-se de várias maneiras, mas é importante notar que esses exemplos podem variar e são contextualmente específicos. Alguns exemplos de comportamentos que podem constituir assédio sexual incluem:

  • Comentários ou piadas ofensivas: Comentários sexuais inapropriados, insinuações ou piadas de teor sexual que criam um ambiente desconfortável.
  • Abordagens indesejadas: Investidas sexuais não solicitadas, avanços físicos indesejados ou tentativas de intimidade sem consentimento.
  • Exposição indevida: Exibição de material sexualmente explícito, como imagens, vídeos ou mensagens, sem o consentimento do receptor.
  • Ameaças ou chantagens: Ameaças de consequências no trabalho ou promessas de recompensas em troca de favores sexuais, criando um ambiente coercitivo.
  • Comentários sobre aparência ou vestimenta: Comentários inapropriados sobre a aparência, roupas ou corpo de alguém, que vão além de elogios profissionais normais.

É importante destacar que a percepção de assédio sexual pode variar entre indivíduos e culturas, e a gravidade dessas situações pode depender do contexto específico.

Direitos dos Funcionários Diante de Assédios e as Medidas Judiciais Cabíveis

Os direitos dos funcionários diante de abusos no ambiente de trabalho são fundamentais para garantir um ambiente profissional saudável e respeitoso. Quando um funcionário enfrenta situações de assédio, seja psicológico, moral, sexual ou qualquer outra forma prejudicial, é crucial compreender as opções disponíveis para proteger seus direitos. Os funcionários que sofrem abuso psicológico e assédio moral no trabalho, possuem direito à Rescisão Indireta e Indenização por Danos morais.

  • Rescisão Indireta: em casos severos de assédio e abuso psicológico, os funcionários têm o direito de buscar a rescisão indireta do contrato de trabalho. Esse tipo de rescisão ocorre quando o empregador descumpre suas obrigações contratuais, criando um ambiente insuportável para o empregado. No contexto do assédio, a persistência de práticas abusivas pode caracterizar a rescisão indireta como uma medida de proteção ao trabalhador.
  • Ação Judicial por Danos Morais: dentro do contexto do contrato de trabalho, caracteriza-se por um comportamento hostil por parte de um superior hierárquico com o intuito de deteriorar o ambiente laboral, buscando gerar instabilidade psicológica no trabalhador. Isso é feito com a clara intenção de afastá-lo do mercado de trabalho, através de ações praticadas de maneira dissimulada, sutil e, acima de tudo, de forma repetida. 

Quando essa atitude prejudicial vai contra os direitos da personalidade, afetando a dignidade e a honra do funcionário, é possível buscar uma compensação por danos morais, ou seja, uma reparação pelos impactos emocionais causados.

Como provar assédio no trabalho?

Provar o assédio no trabalho requer uma abordagem cuidadosa e documentada. Em primeiro lugar, é crucial manter um registro detalhado de incidentes, incluindo datas, descrições precisas do comportamento inadequado e qualquer forma de comunicação relacionada. Além disso, a coleta de evidências tangíveis, como e-mails, mensagens ou registros de conversas, pode fortalecer substancialmente o caso. 

Testemunhas que presenciaram o assédio também desempenham um papel crucial, proporcionando uma perspectiva externa e apoiando a credibilidade das alegações. A obtenção de orientação jurídica especializada é fundamental para garantir que a documentação seja adequada e para orientar o funcionário sobre como apresentar efetivamente suas evidências em uma eventual ação judicial.

No que tange ao Assédio sexual, sabe-se que a sua comprovação é uma questão complexa e desafiadora. Isso ocorre porque, por sua própria natureza, o ato é frequentemente realizado de forma discreta, de preferência sem a presença de testemunhas.

Nesse contexto, os indícios e a prova indireta desempenham um papel crucial na formação da convicção do julgador em casos de assédio sexual. Apesar da habitual dificuldade na obtenção de provas, a prova indireta se parte de um fato ou circunstância conhecida ou provada, e por dedução se chega àquilo que se pretende provar.

Valor Mínimo de Indenização: Como é Determinado?

No que tange à fixação do valor a ser pago a título de indenização por dano moral é extremamente delicada, em face da inexistência de norma legal que discipline o tema. O juiz deve buscar um equilíbrio ao fixar o valor da indenização por dano moral no contexto do assédio no trabalho. O grau de culpa do agente, as condições sociais e econômicas das partes envolvidas e a gravidade do dano são elementos essenciais a serem considerados. 

A aplicação de critérios de proporcionalidade e razoabilidade é crucial para assegurar uma reparação justa, levando em conta não apenas o impacto emocional na vítima, mas também a função pedagógica e punitiva da indenização. Dessa forma, o arbitramento do valor deve refletir não apenas as circunstâncias específicas do caso, mas também os princípios éticos e legais que regem a responsabilidade civil por assédio no ambiente de trabalho.

O que a Empresa Deve Fazer Em Caso De Assédio Moral?

Diante de casos de assédio no ambiente de trabalho, as empresas devem adotar medidas decisivas para garantir um ambiente seguro e respeitoso. O primeiro passo é estabelecer políticas internas claras e efetivas contra o assédio, promovendo uma cultura organizacional que não tolera tais comportamentos. Quando uma denúncia é recebida, a empresa deve conduzir uma investigação imparcial e minuciosa, assegurando a confidencialidade dos envolvidos. 

Além disso, a colaboração com profissionais especializados em recursos humanos e jurídicos é essencial para orientar o processo e implementar medidas corretivas, como treinamentos e ações disciplinares, visando prevenir a recorrência do assédio e manter um ambiente de trabalho saudável.

O Papel Crucial do Advogado Especializado

Um advogado especializado em Direito do Trabalho pode desempenhar um papel fundamental tanto para os funcionários quanto para os empresários. Para os funcionários, o advogado desempenha o papel de orientador legal, auxiliando na compreensão dos direitos trabalhistas, analisando as evidências do assédio, e fornecendo suporte na tomada de decisões, como a busca por reparação ou a rescisão indireta do contrato de trabalho. Além disso, o advogado pode representar o funcionário em processos judiciais, buscando indenizações por danos morais.

No caso dos empresários, o advogado desempenha um papel preventivo e consultivo. Ele auxilia na criação e implementação de políticas internas anti-assédio, oferece treinamentos para a equipe, orienta sobre as responsabilidades legais da empresa e atua na defesa jurídica em casos de alegações de assédio. Ao ter um advogado especializado, os empresários podem reduzir o risco de litígios, promover um ambiente de trabalho mais seguro e garantir a conformidade com as leis trabalhistas. Em ambos os casos, o advogado desempenha um papel fundamental na proteção dos direitos e interesses das partes envolvidas.

Na Valente Reis Pessali, oferecemos um serviço jurídico confiável e dedicado para abordar as complexidades do assédio moral no ambiente de trabalho, seja preventivo ou consultivo. Garantimos não apenas a conformidade com as regulamentações trabalhistas, mas também desenvolvemos estratégias sólidas para enfrentar e prevenir casos de assédio no ambiente profissional. Entre em contato conosco. Estamos prontos para demonstrar como nossa equipe especializada pode apoiar você, assegurando um caminho legal seguro e orientado para promover ambientes de trabalho éticos e respeitosos.

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Advogado Luan Meneses

Luan Meneses

Advogado

Advogado pós-graduado em Direito Trabalhista pela Faculdade Milton Campos, Direito Digital e Compliance, e Direito Empresarial. Bacharel em Direito pela Fundação Educacional Monsenhor Messias.